A chegada do primeiro filho traz uma mistura de sentimentos e sensações que a cada dia parecem aumentar até atingirem proporções nunca antes imaginadas. Com a chegada do segundo filho, todos esses sentimentos se repetem e a família que pensava já saber lidar com tudo isso descobre que, além de nascerem novos pais com o nascimento de cada filho, nasce também uma nova figura: o irmão mais velho que outrora era o único detentor de toda atenção e expectativas por parte da família.
Caras famílias, se para nós, seres amadurecidos pelas diversas experiências da vida, é como se tivéssemos desaprendido o beaba da maternidade/paternidade, visualizem este cenário para alguém que sequer aprendeu ainda que é um ser dotado de autonomia e que não consegue verbalizar seus sentimentos e frustrações. O fato, é que a chegada do irmão mais novo é um acontecimento difícil para a maioria das crianças.
Mudança repentina de comportamento e humor, apego fora do normal com os pais, retorno de hábitos já perdidos (como uso da chupeta, mamadeira, sono interrompido sem aparente motivo durante a noite, regressão no processo de desfralde, etc.), recusa para ir à escola, crises de choro sem aparente explicação. Poderia listar aqui uma infinidade de comportamentos que surgem desde que o irmão caçula ainda se encontra na barriga da mãe. Barriga essa que antes era do primogênito, que ouviu inúmeras histórias de como ele cresceu ali e de repente esse espaço não é mais dele. Percebem como, indiretamente, o sentimento de perda é fomentado na cabeça dos pequenos desde o primeiro contato com a ideia da família aumentar?
O que quero dizer com tudo isso, é que muitos (as) de vocês provavelmente se identificaram ou ainda se identificarão com esse cenário e que todos esses comportamentos giram basicamente em torno do ciúme e da ansiedade. As crianças muito pequenas ainda não sabem verbalizar essa explosão de sentimentos novos. Além disso, o surgimento do ciúme também é essencial ao desenvolvimento dos pequenos para que eles aprendam a controlá-lo em outros momentos da vida.
A receita para lidar com tudo isso? Paciência e promoção de momentos de compreensão para que o filho mais velho perceba que está sendo ouvido são uma ótima alternativa para que a criança aprenda a exteriorizar seus sentimentos e a lidar com eles. Outra coisa muito importante é incluí-lo no planejamento do novo espaço para o caçula para que ele perceba que a chegada do irmão é um plano conjunto da família.
Algumas dicas:
-Incentive a criança a participar da gravidez (conversar com o irmão, vê-lo no ultrassom, ajudar na escolha do nome, na decoração do quarto, etc.) e, quando o bebê nascer, a ajudar nos cuidados diários (ajudar a lavar os pezinhos no banho, a jogar a fralda no lixo, a separar a roupinha para depois do banho, comprar os legumes para fazer a papinha, etc.).
-Leve a criança para escolher um presente igual para ela e para ela dar para o irmãozinho. Este objeto será algo que eles já terão em comum para compartilhar um como outro.
-Evite fazer mudanças na rotina da criança durante a gravidez e logo após o nascimento do irmão, pois ela poderá achar que estas mudanças estão acontecendo por causa dele. Além disso, a chegada do novo companheiro já acarretará em muitas mudanças na vida da criança.
– Não se esqueçam também de manter o tempo exclusivo dele em alguns momentos, como ocorria antes da chegada do irmão. Organizem programas apenas com ele para que ele entenda que todos têm o seu espaço, bem como programas com toda a família. Já durante a gravidez, reserve um tempo dos seus dias (10 min) para brincar com o seu filho mais velho sem interrupções (deixe o celular desligado) e foque toda atenção nele. Após o nascimento do novo herdeiro continue com essa prática para que a criança perceba que ela ainda é o centro das atenções, nem que seja só por aqueles 10 minutos
-Leiam historinhas que falem sobre a chegada do irmãozinho e que ajudem seu filho a explorar os seus sentimentos. Algumas sugestões de livros que podem ser adquiridos aqui no MPNH:
É um momento que exige dedicação e tranquilidade mas que, como todas as outras fases, passa. Além de tudo isso, lembrem-se que o MPNH está sempre à disposição para ouvi-los e ajuda-los na superação de cada novo desafio na jornada dos nossos pequenos em busca do desenvolvimento.
Priscila Dutra,
Coordenadora de Projetos Unidade Asa Norte.